Todos nós sabemos que o caminhão é considerado o segundo ativo mais importante na prestação de serviço de transporte, perdendo apenas para o motorista. Além disso, com todo o dinamismo do negócio e a dificuldade de encontrar veículos disponíveis após o período pandêmico, devido a retomada das atividades econômicas, apresentou aos empresários a necessidade de buscar alternativas para suprir as demandas da operação, além de reduzir ainda mais os custos devido as incertezas do mercado.
Nesse momento surge a dúvida: comprar ou alugar um veículo?
Não podemos tratar de forma separada a compra de caminhão da locação, até porque a decisão envolve a estratégia de cada transportadora, mas começar elegendo o perfil da frota de atuação, determina questões financeiras, tributárias, contratos entre outros.
Comprar, traz o controle de ter toda a frota à disposição e com flexibilidade para atender várias demandas, garantindo um diferencial competitivo entre os concorrentes. Contudo, essa possibilidade exige investimentos iniciais elevados, o que exige um planejamento maior.
As locadoras de caminhão, por sua vez, têm sem mostrado uma tendência que cresce no país. Contudo, uma frota alugada é utilizada tendo como objetivo final o transporte. Com a vantagem de a transportadora, mesmo não sendo dona do caminhão, consegue manter a previsibilidade dos custos, sem imobilizar o ativo mantendo o seu caixa preservado.
Outro ponto interessante é a possibilidade de contar sempre com veículos modernos e equipados com o que há de mais atual no mercado, sem precisar desembolsar altas quantias. Nesse contexto, pode ser uma opção ágil e flexível e depender das necessidades. Vejamos alguns exemplos:
1. Redução de Gastos: Como já mencionado anteriormente, quem precisa otimizar os recursos deve considerar a locação de veículos. Com isso, fica mais fácil planejar as despesas tanto no médio quanto no longo prazo, além de evitar surpresas envolvendo as condições de uso dos veículos.
Apesar disso, é importante sempre investir na manutenção preditiva, aquela que avalia o estado do veículo e efetua os ajustes necessários antes que problemas apareçam, evitando que o caminhão fique encostado sem poder rodar.
2. Renovação da Frota: Quem quer evitar investimentos grandes para renovar a frota também pode recorrer à locação como alternativa, graças a empresas que oferecem serviços de renovação programada. Dessa forma, é possível ter veículos novos para desenvolver o trabalho sem precisar assumir financiamentos.
3. Demandas Específicos: Recebeu uma demanda específica, como o transporte de cargas especiais? A locação pode ser o melhor caminho, já que os veículos ficam disponíveis de acordo com sua necessidade. Isso representa um aumento nas oportunidades de negócios e um crescimento nas receitas.
4. Garantia de Disponibilidade: O caminhão quebrou? Aconteceu um acidente? Tais situações comprometem a disponibilidade de veículos, na ausência de caminhões reservas. A locação também a ajuda a contornar esses problemas. Isso é de grande utilidade principalmente para empresas menores ou motoristas autônomos, que precisam de um veículo sempre à disposição para não perder dias de trabalho.
5. Sazonalidade: A questão da sazonalidade também é de grande relevância. Afinal, se você tem demandas em épocas específicas, passando uma parte do ano sem trabalho, o aluguel pode ser mais interessante, pois será uma aquisição pontual. Você não ficará com capital imobilizado em épocas de baixa ou nenhuma demanda.
Custo Efetivo
Diante disso, vamos avaliar em um cenário, a média de mercado, para a locação dos três modelos de veículos mais utilizados no segmento, versus a compra efetiva para incorporação na frota. Veja:
Levando em consideração todos os custos fixos e variáveis mensais de uma frota própria podemos observar que para o VUC (veículo urbano de carga) o custo seria reduzido em 28%, para o truck teríamos 18% de queda e para a carreta custaria 39% a menos na modalidade de locação. Isso, já levando em consideração os gastos com combustível para a quilometragem percorrida mensalmente e a mão de obra, ou seja, salário do motorista e encargos sociais e trabalhistas.
Claro, que a determinação entre as modalidades vai depender de vários outros fatores. Será que o que o seu cliente busca é só frete baixo? Aí sim, um valor acessível pode ajudar na gestão de frete, deixando ele mais satisfeito e fidelizado.
De qualquer modo, é bem provável que, em algum momento, você precise ter seu próprio caminhão, seja por exigência de um contrato, pela alta demanda ou por posicionamento da sua marca, enfim é preciso identificar quando esse momento chegar. Por fim, precisamos estar atentos ao mix de ofertas disponíveis no mercado que auxiliem a tomada de decisão dentro das empresas.
Nos últimos meses, o IPTC tem observado a dinâmica espacial dos Pontos de Parada e Descanso (PPD’s) ao longo das principais rodovias do Estado de São Paulo e, principalmente, nos trechos com acesso aos principais municípios da Região Metropolitana de São Paulo. Trata-se da primeira etapa de uma longa jornada de investigação voltada ao assunto.
Para quem não sabe, há duas categorias principais de PPD’s: aqueles que são Postos de Serviço Credenciados e aqueles que são Áreas de Descanso construídas pelas Concessionárias. Neste momento, reunimos informações cadastrais referentes a essas duas categorias. Foram consultados portais de concessionárias, da ARTESP (Agência de Transporte do Estado de São Paulo) e das principais Redes de Postos de Serviços com iniciativas voltadas ao bem-estar do caminhoneiro.
A partir desse levantamento, seguimos com o mapeamento e análise dos resultados que apresentamos a seguir.
Postos de Serviço
Quanto aos postos de serviço, nota-se uma presença maior das redes Ipiranga, Shell e Petrobrás (Vibra) nos trechos próximos à capital.
Também percebe-se uma presença menor de postos de serviço nos trechos da Rodovia Raposo Tavares e Castelo Branco que contornam os municípios de Cotia, Barueri e Itapevi. O mesmo foi verificado na Rodovia Anchieta, na altura de São Bernardo do Campo.
Não foi possível extrair das fontes oficiais, informações sobre a qualidade do serviço prestado por esses locais. Sabe-se, de antemão, que a Rede Ipiranga possui o programa RODOREDE, que promete combustível de qualidade, conveniência e atendimento acolhedor ao caminhoneiro. Já a rede VIBRA (Postos BR), proporciona banheiros limpos, higienizados e equipados com chuveiro; restaurante e lanchonete; borracharia e estacionamento através do programa SIGA BEM.
A rede Shell, por sua vez, possui o CLUBE IRMÃO CAMINHONEIRO, pelo qual oferece descontos em produtos. Os portais das redes não revelam iniciativas para a melhoria da segurança nesses locais. A exemplo disso, diversas notícias circulam na internet sobre roubos dentro dos postos de serviços nessas rodovias. E também não deixam claro as condições de pagamento e valores, o que dificulta o planejamento e a escolha de onde parar.
Muitas vezes, os postos estão localizados dentro de complexos como Frango Assado, Graal e Lago Azul ou possuem parcerias com restaurantes, hotéis e estacionamentos próximos. Isso adiciona maior complexidade ao cenário, uma vez que a responsabilidade pelos serviços é compartilhada. Não foi possível também averiguar se há vagas suficientes para os períodos noturnos e diurnos, se há filas ou dificuldade de estacionar em algum período do ano e se há alguma iniciativa voltada às mulheres motoristas ou cristais.
Outras Redes
Na Régis Bittencourt, a Rede São Leopoldo possui no seu rol de serviços uma sala para a transportadora em alguns postos.
Na Dutra, o Posto Sakamoto, em Guarulhos, é famoso por receber a Festa do Caminhoneiro, um dos maiores eventos voltados aos profissionais do volante no país. O Paradouro Batistella, em Guararema, é o único posto credenciado como PPD pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), uma vez que pertence ao trecho de sua competência.
Na Fernão Dias, há o Posto Gigio, muito elogiado nos comentários do Google. No total, Outras Redes representam 24% da amostra, de um total de 54 postos localizados. Ou seja, nessa região, as maiores redes controlam cerca de 76% do mercado, variando de proporção conforme a rodovia.
Áreas de Descanso
Ao voltarmos nossa atenção aos PPD’s construídos pelas concessionárias, temos a impressão de que, ao menos no trecho analisado da Rodovia Castelo Branco (CCR), a falta de Postos de Serviço é compensada por uma Área de Descanso, o que se repete da Rodovia Anchieta (Ecovias).
Esperava-se maior presença de PPD’s na Rodovia Presidente Dutra, considerando sua relevância, embora, de acordo com notícias, esteja prevista a construção de 3 novas Áreas de Descanso nessa rodovia em locais ainda não informados.
Na Rodovia Dom Pedro I, está em construção uma nova área de descanso na região de Itatiba, administrada pela concessionária Rota das Bandeiras. A previsão de entrega é para o primeiro semestre de 2024.
A concessionária Eixo SP possui a maior quantidade de obras previstas (9), porém, não nos principais municípios da RMSP. Alguns desses pontos serão adaptados para receber cargas específicas, pois estas possuem desafios ainda maiores quanto à restrições de circulação nos municípios. Também possui os denominados SAU’s (Serviço de Atendimento ao Usuário) distribuídos ao longo dos trechos concedidos, já em operação, porém, não mapeados. Neles é possível descansar ou fazer uma parada rápida para beber água ou ir ao banheiro.
Rodoanel
A implantação de uma rede de postos de serviços, com áreas de descanso para caminhoneiros em áreas circunscritas e lindeiras ao Rodoanel Mario Covas já foi objeto de audiências públicas, porém, a discussão não obteve avanços até o momento.
Considerações Finais
Percebemos que, em linhas gerais, há uma tendência de aumento de PPD’s, porém isso, por si só, não garante uma melhoria das condições de descanso nas estradas. Outros ingredientes devem ser adicionados gradativamente ao trabalho para compreensão da oferta x demanda de pontos de parada, como a presença de estacionamentos privativos e de Terminais de Carga (Terminal de Cargas Fernão Dias, por exemplo), área de estacionamento efetivamente construída e fluxo de veículos nas rodovias.
Além disso, vale lembrar que quantidade não é sinônimo de qualidade. Questões como infraestrutura de higiene e alimentação, segurança e até mesmo a presença de práticas ilegais de cobrança pelos serviços prestados ao caminhoneiro, como banho e estacionamento condicionados ao abastecimento, serão objetos de análise futura.