Como previsto no calendário, a ANTT publicou nova resolução sobre o Piso Mínimo de Frete reajustando os valores praticados pelo IPCA em 5,86%, sem mencionar qualquer oscilação no preço do diesel S-10 para o mesmo período. Portanto, publicou nessa quinta-feira, a Resolução n° 5.959/2022 com os valores corrigidos.
Na atual regulação, a ANTT priorizou parâmetros mercadológicos cuja participação no custo total do transporte representa 80%, que são o preço do diesel (S10); os salários dos motoristas (variável utilizada para mensuração do custo de mão de obra); o preço do pneu; e o valor de aquisição do veículo.
Outra modificação aparente, foi sobre a nomenclatura de duas classes de categorias de carga presentes no artigo 2°:
VII – carga frigorificada ou aquecida: a carga que necessita ser refrigerada, congelada ou aquecida para conservar as qualidades essenciais do produto transportado; VIII – carga frigorificada perigosa ou aquecida perigosa: a carga frigorificada ou aquecida que seja classificada como perigosa para fins de transporte ou represente risco para a saúde de pessoas, para a segurança pública ou para o meio ambiente.”
Neste sentido, houve a atualização dos valores dos coeficientes de deslocamento (CCD, que é baseado no quilometro rodado) o que gerou uma variação de 8,73%, passando de R$ 4,130 para R$ 4,491 por Km na média geral. Já o coeficiente de carga e descarga (CC, que é baseado nas despesas fixas) apresentou uma oscilação média de 8,20%, passando de R$ 245,80 para R$ 265,94. Mas no contexto geral, podemos avaliar um impacto médio de 7,88% em relação a tabela anterior, sendo a tabela A (para operações de transporte de carga lotação) que sofreu maior variação.
Avaliando as categorias de carga, quem sofreu o maior impacto foi o transporte de carga conteinerizada (tabela A), perigosa a granel (tabela B, C e D), considerando as variações de CC e CCD previstas na legislação.
Em contrapartida, as operações de carga perigosa (granel líquida), sofreu a menor alteração em relação as demais categorias, o que resultou em um aumento 5,14% na média geral, na tabela D, ou seja, para as operações em que haja a contratação apenas do veículo automotor de cargas de alto desempenho.
Lembrando que, todas as alterações e reajustes passam a vigorar a partir de 20 de janeiro e 2022, conforme indicado em publicação do Diário Oficial da União.
Desde janeiro de 2021 a Petrobras, reajustou os preços da gasolina 16 vezes, (sendo 5 reduções e 11 aumentos) e do diesel 12 vezes, (sendo 3 reduções e 9 aumentos). E para o início de 2022 a tendência não deve ser diferente. Segundo comunicado da estatal, a partir de hoje, o preço da gasolina sofrerá um aumento de 4,85% para as distribuidoras, já o diesel terá uma variação de 8,08%.
Com a alta, o preço médio de venda da gasolina passará de R$ 3,09 para R$ 3,24 por litro, um reajuste médio de R$ 0,15 por litro. Desde janeiro do ano passado, a gasolina já subiu 77,03% nas refinarias.
No caso do diesel, o preço médio passará de R$3,34 para R$3,61 por litro, uma variação de R$0,27 por litro. Acumulando um alta de 78,80% só de janeiro/2021 a janeiro de 2022.
BOLSO DO CONSUMIDOR
Em 2021, somente na cidade de São Paulo, os preços de gasolina e diesel para o consumidor final nos postos subiram 49,63% e 48,55% respectivamente. Já o gás veicular (GNV) acumulou alta no período de 44,35% e o etanol na ordem de 64,96%, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP).
Isso ocorre porque nem sempre é repassado para a bomba o reajuste anunciado pela Petrobras às distribuidoras, mas que de qualquer forma são números impactantes que refletem o preço de outros produtos pressionando a inflação.
O QUE ESPERAR DO FUTURO
A pergunta que todos nós fazemos é: Os preços em 2022 devem continuar subindo?
Bom, fazer previsões sobre os combustíveis é muito difícil pois o mesmo depende de dois fatores muito voláteis, ou seja, que sofrem variação com grande facilidade: o petróleo e a cotação do dólar.
“O preço do petróleo interfere no valor dos combustíveis no mercado interno principalmente porque, desde 2016, a política de preços da Petrobras acompanha o valor do barril. Assim, quando o preço do petróleo sobe, a empresa também reajusta os valores dos combustíveis nas refinarias. Esse processo também ocorre com as importadoras de combustível: se compram mais caro no exterior, essas empresas repassam a alta dentro do país. O petróleo é negociado em dólares, ou seja, a taxa de câmbio entre a moeda norte-americana e o real também tem impacto sobre os preços cobrados. ”
Entretanto, mercado vem apostando em uma inflação menos relevante, com um cenário de maior estabilização do preço em 2022. Para os combustíveis deve haver uma alta acumulada entre 6% a 10% para o ano de acordo com alguns economistas – bem abaixo do que presenciamos no ano passado. Mas tudo se trata de uma hipótese, claro!
IMPACTOS NO TRC
Diante deste cenário, apuramos que o aumento de janeiro/2021 a janeiro/2022, sobre o preço do diesel na refinaria na ordem de 78,80%, elevará os custos do transporte de cargas lotação em 22,33% na média geral, sacrificando mais as operações de longas distâncias (6000 km) em 32,21%. Já para as operações de carga fracionada o impacto médio é de 11,48%. Acompanhe as outras faixas acima.
Distância
Lotação
Fracionada
50 Km
4,96
1,20
400 Km
19,57
7,56
800 Km
24,77
10,87
2400 Km
30,12
16,19
6000 Km
32,21
21,57
Média
22,33
11,48
Fonte: Custo Peso – elaborado pela autora
Nesse caso, toda e qualquer majoração, deve ser avaliada e repassada pelas empresas, a fim de estabelecer o equilíbrio financeiro de suas atividades.